terça-feira, 22 de junho de 2010

NEDA AGHA SOLTAN


O canal HBO estreou esta semana o documentário de Antony Thomas“FOR NEDA”. Horas antes já o documentário estava no You Tube…
Neda Agha Soltan, 26 anos, foi assassinada durante as manifestações da “revolução verde” que se seguiu à suspeita eleição de Ahmadinejad como Presidente do Irão e à confirmação pelo Líder Supremo, o ayatollah Khamenei.
…O assassino nunca foi perseguido ou acusado. Desapareceu nas dobras do regime iraniano, um regime ditatorial que parece despertar simpatias em gente como Lula. Ou Cháves.
…Ahmadinejad anda por aí, dizendo o costume, preocupado com os direitos humanos em Gaza e não no Irão. A revolução verde foi uma revolução de mulheres. Porque o islamismo iraniano oprime, controla, vigia, reprime, mata e pune as mulheres com brutalidade. E usa os homens e mulheres Basij,
a organização paramilitar que serve de olhos e ouvidos do regime, como vigilantes dos costumes e guardiões do statu quo.
…Neda não gostava do tchador desde criança, gostava de cantar, dançar, viajar e ler livros como “O Monte dos Vendavais” (Emily Bronte) ou “ Siddhartha” (Hermann Hesse).
…Neda acreditou que a sua presença nas ruas de Teerão, junto com os milhares de manifestantes e apoiantes de Mousavi, contribuiria para a abertura do Irão. Quando as ruas se tornaram um lugar de massacre, Neda tombou nos braços de um jovem médico…
…Tão cadáver como as mulheres que vemos no documentário: enforcadas, uma delas estrebuchando na agonia, pendurada na corda, ou atadas e cobertas com um saco branco, apedrejadas por um círculo de homens.
…O filme mostra bem o que é uma república dirigida por machos religiosos e fanáticos dispostos a controlar o prazer, a alegria, os trajes, o cabelo, a existência e a inteligência das mulheres. Dispostos a considerá-las inferiores. E a matá-las por subversão.
…Neda é a vítima, morreu por coisa nenhuma. Uma rapariga que só queria dançar, estar com a família e os amigos, estudar, poder mostrar a cara. Ser como as outras: nós. Livres.

…Confesso que depois de ver “Para Neda”, o regime iraniano me pareceu ainda mais odioso e odiosa qualquer defesa que dele se apresente.

(Excertos de um texto Clara Ferreira Alves, publicado na Revista Única de 19-06-2010- jornal Expresso)

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