quinta-feira, 5 de abril de 2012

A POLÍTICA DE MENTIRA DO GOVERNO: "DIZ HOJE UMA COISA E AMANHÃ FAZ OUTRA"


O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, criticou quarta-feira a “política de mentira” do Governo, do “diz hoje uma coisa e amanhã faz outra”, numa reacção às declarações do primeiro-ministro sobre os subsídios de Natal e de férias.

Nesta quarta-feira, em entrevista à Rádio Renascença, Pedro Passos Coelho afirmou que os subsídios de férias e de Natal dos trabalhadores do Estado, das empresas públicas e dos pensionistas, que foram suspensos, serão repostos gradualmente a partir de 2015, argumentando que o programa de ajuda externa a Portugal decorre até 2014 e tem uma base anual.

Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, disse que Pedro Passos Coelho “omitiu a abordagem desse assunto” na reunião que ambos tiveram em São Bento, que precedeu a entrevista à Renascença, e criticou a “política de mentira, de tentativa de enganar o povo português” do Governo.

“O que é mais grave é o facto de estarmos a ser confrontados com uma política em que o primeiro-ministro diz hoje uma coisa e amanhã faz outra”, apontou, lembrando que Passos Coelho admitiu “excepcionalmente” cortes nos subsídios em 2012 e 2013 e agora afirma que “eventualmente” os subsídios serão repostos em 2015.

Para Arménio Carlos, as declarações do primeiro-ministro revelam que “não há confiança rigorosamente nenhuma” de que as medidas de austeridade “tenham sucesso”, estando, ao invés, “condenadas ao fracasso”.

Na entrevista à Rádio Renascença, Pedro Passos Coelho referiu que o Governo pretende “repor gradualmente”, a partir de 2015, os subsídios de Natal e de férias da função pública e dos pensionistas, porque “dificilmente o Estado conseguiria encaixar num ano a reposição de todo esse benefício”.

Horas antes, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, garantira, no Parlamento, que a suspensão dos subsídios de férias e Natal é temporária e só durará durante a vigência do programa acordado com a ‘troika’ internacional (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia).

Está previsto que os cortes nos 13.º e 14.º meses se prolonguem até ao final da vigência do programa de assistência financeira a Portugal, que tem a duração de três anos.

As declarações de Passos Coelho e de Vítor Gaspar ocorreram depois de, na terça-feira, a Comissão Europeia ter admitido a possibilidade de os cortes nos subsídios de Natal e de férias assumirem um carácter permanente, embora ressalvando que tal cenário ainda não fora discutido.

JORNAL PÚBICO DE 05-04-2012

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